O fluxo natural da vida Flavia Garcia 5 de março de 2021

O fluxo natural da vida

Oi, Pessoal! Tudo bem?

Vocês já pararam para observar como tudo na natureza é perfeito e está sempre em equilíbrio, num fluxo leve e harmonioso?

Pois é, nos últimos tempos eu tenho pensado bastante sobre isso e comparado nosso comportamento com de outros seres vivos. Desde então, tenho me perguntado: “Se nós, humanos, também somos parte da natureza, por que nos distanciamos tanto da nossa naturalidade? Por que deixamos de ser o que realmente somos e nos obrigamos a ser o que os outros ditam?”.

Bem, na verdade, a minha fascinação pela natureza já começou muito cedo. Desde criança, no norte de Minas Gerais, eu passava horas observando o nascer e o pôr do sol, as estrelas e a lua surgindo no céu. Sem que eu percebesse, a natureza foi me trazendo muitos aprendizados, principalmente quando vim morar na Europa, onde as estações do ano são bem definidas.

Em uma definição perfeita de cada época do ano, pude perceber como a natureza funciona de forma harmoniosa, desde as folhas caindo no outono até a renovação de tudo durante a primavera. Que bom seria se nós, humanos, pudéssemos ter a mesma liberdade de continuar a ser o que realmente somos.

 

 

Observando a natureza

O tempo passou e meu olhar se intensificou ainda mais. O frio rígido da Europa e as mudanças que ele traz para a vida diária é algo impossível de passar despercebido.

As árvores desfolhadas do inverno me ensinaram a aceitar os ciclos naturais da vida e me deram uma bela lição de resignação e humildade. As flores, que desabrocham na primavera, embelezam a natureza e murcham pouco tempo depois, me ensinaram que tudo na vida é efêmero, no entanto, não devemos privar o mundo da nossa beleza passageira.

Ao comparar nossas vidas ao ciclo da natureza, me pergunto quando e por que deixamos de ser livres, perdemos nossa essência apenas para nos encaixar em padrões “não naturais”, às exigências da sociedade.

Em seu habitat, os pássaros voam livremente pelo céu, cantam e descansam no ritmo das estações. O rio, apesar dos obstáculos, segue seu curso, dia após dia, até encontrar seu caminho. Ele desvia e segue em direção ao mar, onde tudo é leveza, fluxo e movimento.

 

Yoga Dance e fluxo natural

Há algumas semanas, iniciei um curso online de Yoga Dance, com a Fernanda Cunha. A partir daí, minha reflexão se intensificou ainda mais, pois o fato de eu ter me dado o direito de dançar novamente, depois de passar vários anos me privando dessa paixão, me fez perceber o quão estava afastada de mim mesma.

Enquanto eu dançava as músicas sugeridas pelo curso e deixava meu corpo se mover livremente, um filme da minha infância passou diante dos meus olhos. Quando criança, também era livre para fazer o que me dava prazer; correr, pular, brincar e ser o que realmente era. Assim como a natureza, eu estava em sintonia com o meu fluxo natural, até chegar o momento em que fui escolarizada e começaram a me preparar para o mundo sério lá fora. Com o passar do tempo, fui perdendo o meu brilho e minha naturalidade, fui me distanciando cada vez mais de mim mesma, já que o que importava eram as notas e os diplomas, não as minhas habilidades naturais.

 

Os padrões de comportamento que a sociedade nos ensina

É interessante observar como a sociedade nos mostra como escalar os degraus do êxito profissional e nos prepara para um bom desempenho intelectual, mas não nos ensina a descobrir nossa verdadeira vocação. Ela nos estimula a sermos bons pensadores, mas não nos instrui a ouvir a voz do coração.

Além disso, somos instigados a nos enquadrar em certos padrões de “beleza”, estereótipos criados pelos grupos sociais em que vivemos. Na tentativa de nos encaixar em tais padrões, entramos em uma odisseia de comparação infinita, na busca de alcançar uma perfeição utópica.

Devido essa pressão social, não é raro encontramos pessoas que passaram uma existência inteira sem saber quem realmente são e o que desejam alcançar em suas vidas. Então, chega um momento em que começam a sentir um vazio, sentem-se tristes e até mesmo doentes -não é à toa que depressão é a doença do século.

 

Nos apossando de nós mesmos

Como eu havia falado antes, o Yoga Dance me ajudou a perceber o quanto estava aprisionada, o quanto me privei, ainda que involuntariamente, de realizar o que amo. Quanto tempo precisamos para nos conhecer e encontrar uma razão maior para nossas vidas? Algo além de simplesmente viver, mas o viver com prazer.

Assim, mais cedo ou mais tarde, seremos convidados a fazer uma autoavaliação, a libertar tudo aquilo que está nos bloqueando e nos apossar de nós mesmos.

Então, por que não nos deixamos, nesse momento, nos embalar pelo fluido da vida? Por que não nos reconectar com nosso “eu” e confiar nessa força superior que rege o fluxo da natureza? É importante deixarmos nossos movimentos internos fluírem livremente, para que possamos finalmente encontrar nossa essência, a nossa própria dança.

Agora, quero saber sobre você. Alguma vez já deixou se levar pelo ritmo da sua intuição e percebeu que se permitir é bem mais leve e natural? Que sejamos como a natureza, como um rio que, apesar dos obstáculos, segue seu caminho até seu destino, com todo movimento, fluxo e leveza.