Empatia x Compaixão Flavia Garcia 5 de março de 2021

Empatia x Compaixão

Oi, pessoal. Tudo bem?

Se existem duas expressões, com as quais vamos nos deparar frequentemente na Comunicação não violenta (CNV), estas são empatia e compaixão. Em qualquer literatura sobre o tema, encontramos expressões como: comunicação empática, natureza compassiva, instinto compassivo, escuta empática, entre outros.

Quando comecei a estudar o método, esses dois conceitos me pareciam idênticos, até mesmo sinônimos. Eu usava um, me referindo ao outro.

Porém, ao me aprofundar nos meus estudos, percebi que os dois termos têm significados diferentes. Empatia não é o mesmo que compaixão e compaixão não é o mesmo que empatia, mesmo que, às vezes, sejam utilizados no mesmo contexto. Então, decidi pesquisar mais a fundo a diferença entre os dois. Para isso li vários artigos na internet, participei de palestras sobre o assunto e busquei várias definições em dicionários online.

As minhas descobertas foram bem interessantes, mesmo que às vezes me deixassem ainda mais confusa. Mas qual a diferença entre compaixão e empatia, afinal de contas? Você sabe?

 

 

A definição dos termos de acordo com diferentes fontes

De acordo com o Dicio, dicionário online português, a empatia é: “a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias”.No mesmo dicionário a compaixão é definida como: “sentimento de pesar, de tristeza causado pela tragédia alheia e que desperta a vontade de ajudar, de confortar quem dela padece”.

No seu texto bastante informativo e detalhado intitulado O verdadeiro significado da Compaixão, o Coach José Roberto Marques* afirma que a compaixão se trata de um sentimento que é gerado dentro de cada um de nós e que nos leva à ação. Nesse sentido, ter compaixão por alguém seria não ter pena pela pessoa, mas mostrar respeito pela sua dor e tomar alguma atitude para amenizar a angústia que ela sente. A compaixão seria uma emoção que envolve não apenas o sentir, mas também o agir, o que levaria uma pessoa a fazer a diferença, não apenas na vida da outra, mas também em sua própria, já que o ato de ajudar por si só, lhe traria satisfação emocional.

Segundo o dicionário online Michaelis, a compaixão é: “dor que nos causa o mal alheio” e “participação da dor alheia com o intuito de dividi-la com o sofredor”. A palavra empatia ele define como: “a habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa” e “compreensão dos sentimentos, desejos, idéias e ações de outrem”.

Mas, será que podemos afirmar com segurança que uma delas está correta e a outra errada?

 

A empatia e a neurociência

Em um estudo de casos denominado Ressource Projekte – Projeto de Recursos, a neurocientista alemã Tanja Singer, analisou de perto as alterações ocorridas nos cérebros de trezentas pessoas durante práticas de meditação, focadas em diversos âmbitos, entre eles a empatia e a compaixão.No caso da empatia, as pessoas testes foram submetidas a situações de sofrimento, nas quais elas viam imagens de outras pessoas sendo maltratadas. A intenção da neurocientista era observar o que essa situação provocava no cérebro de cada uma delas. Como ela se sentia vendo uma outra pessoa sofrer?

Segundo Tanja Singer a empatia é uma emoção neutra, ou seja, é tanto a capacidade humana de se alegrar com a alegria do outro, como também de sofrer com o seu sofrimento. Sendo assim a empatia é uma emoção que pode gerar estresse na pessoa que o sente, pois a dor do outro pode causá-la sofrimento e, dependendo do nível de empatia, até mesmo doença. Um exemplo disso são os funcionários da área de saúde, que sofrem com o sofrimento dos pacientes.

Ela observou que a empatia e a compaixão ativam dois campos areais diferentes no cérebro, o primeiro a rede neural responsável pela dor e o segundo pelo bem estar e conforto. Concluiu que se o cérebro for treinado para sentir empatia, a sua capacidade de sofrer com o outro aumenta cada vez mais.

Compartilhando as definições do Wikipedia
Para finalizar compartilho com vocês a definição desses dois termos, segundo o Wikipedia. De acordo com esse site: “compaixão (do termo latino compassione) pode ser descrito como uma compreensão do estado emocional de outra pessoa. Não deve ser confundida com empatia. A compaixão frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outro ser senciente**, bem como demonstrar especial gentileza para com aqueles que sofrem.”

Com relação à empatia o Wikipedia diz que: “Na psicologia e nas neurociências contemporâneas a empatia é uma “espécie de inteligência emocional” e pode ser dividida em dois tipos: a cognitiva — relacionada com a capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; e a afetiva — relacionada com a habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação da experiência alheia.

Os significados podem variar de acordo com o campo de estudo
Após minhas pesquisas conclui que existem divergências entre as definições das fontes analisadas. Enquanto, em algumas delas, a compaixão é definida como o ato de compadecer-se com o outro, sofrer com o seu sofrimento, em outras, a compaixão é vista como um sentimento genuíno de amor ao próximo que, independente de laços emocionais ou afetivos, age no sentido de contribuir para a felicidade do outro.

Da mesma forma, enquanto algumas fontes afirmam que a empatia é a capacidade humana de se colocar no lugar no outro e sofrer com o seu sofrimento, outras sugerem que na empatia existe uma consciência clara de que a dor é do outro. Em outras palavras, uma pessoa é capaz de entender e mensurar a dor do outro, sem sofrer com a dor que ela sente.

Depois de muito refletir sobre o tema, conclui que ele é muito mais complexo do que eu imaginava. Percebi que os significados das duas terminologias podem variar de acordo com os diferentes campos de estudo, sejam neurociência, filosofia, psicologia e espiritualidade, e que para cada uma dessas áreas existem estudos aprofundados e minuciosos.

Assim, cheguei à conclusão que, independente das definições, o importante é o valor que as atitudes de cada indivíduo acrescenta no seu convívio social. Se elas têm o intuito promover a justiça, o bem estar geral, a igualdade social e o respeito mútuo, então é irrelevante como elas sejam definidas.

E você? A que conclusão chegou ao ler o texto?

* jrmcoaching.com.br

** capaz de sentir ou perceber através dos sentidos