Os mal entendidos na comunicação – uma experiência pessoal Flavia Garcia 5 de março de 2021

Os mal entendidos na comunicação – uma experiência pessoal

Como podemos acessar o universo alheio através da comunicação? Essa pergunta não sai da minha cabeça e eu precisava compartilhar com vocês essa minha reflexão.

Quem me conhece sabe da minha paixão pelo tema comunicação e eu não me canso de refletir sobre ele. Pois bem…comunicar-se com clareza, de forma que a mensagem expressada chegue ao receptor com a mesma precisão com a qual ela foi transmitida pelo emissor, pode ser muitas vezes uma tarefa bem complicada.

Isso porque no momento em que o emissor envia uma mensagem, ele o faz a partir do seu universo bem particular de conhecimentos e experiências. O receptor, por sua vez, vai receber a informação também de acordo com seus conhecimentos e experiências. E é nesse caminho, entre a transmissão e a recepção, que o verdadeiro teor da mensagem se perde e muitos malentendidos acontecem. Assim como naquela brincadeira de criança „telefone sem fio“, onde a mensagem inicial se perde no caminho entre a primeira e a última criança e chega totalmente destorcida na última. Nessa brincadeira cada criança apenas repete o que ela entendeu.

Na vida real a dinâmica dos mal entendidos também não é muito diferente. Cada pessoa só entende aquilo que ela ouviu. E ela só consegue ouvir aquilo que ela conhece.

Se um médico comunica o diagnóstico de uma doença para outro médico, por exemplo, a probabilidade de que o segundo receba a informação com precisão é muito maior do que se ele fosse um leigo no assunto.

Nesse ponto a pergunta que surge na minha cabeça é: como podemos comunicar com tal clareza, que até mesmo um leigo consiga entender a nossa mensagem?

Já há dois dias eu faço seriamente essa pergunta e tento encontrar uma resposta que me console. Pois foi exatamente uma dessas falhas na comunicação entre um veterinário e a mim e meu esposo, que custou a vida do nosso gatinho de estimação, o Mio.

A realidade da qual ele nos comunicou o diagnóstico da sua doença, não só intelectualmente, mas também emocionalmente era totalmente diferente da nossa. Com isso a gravidade da doença do Mio, bem como a importância de um tratamento meticuloso, não chegou até a nós e as consequências foram inevitáveis. Nós definitivamente não estávamos na mesma sintonia.

E assim o nosso companheirinho de tantos anos pagou com sua vida pela nossa comunicação falha.

A dor da sua perda é grande, assim como a certeza de que nós seres humanos precisamos encontrar uma forma de comunicação mais humana e compassiva.

A certeza de que isso é possível me consola. E assim eu sigo o meu caminho dando o melhor para ser uma pessoa mais compassiva.

Eu devo isso ao Mio.