Comunicação não violenta (cnv)? Como assim Tânia? Para que eu preciso aprender essa tal de comunicação, sendo que eu não sou uma pessoa violenta?
Esse é um dos comentários mais frequentes que eu ouço, quando digo às pessoas que sou coach em cnv.
A tradução do inglês „Nonviolent Communication“, que Marshall Rosenberg usou para descrever o seu método, realmente pode causar estranheza nas pessoas. Mas se olharmos de perto os princípios por trás do método, fica claro que sua definição de violência vai muito além do conceito que conhecemos.
Violência, na definição da cnv, é tudo aquilo que fere a integridade humana, seja através de palavras ou ações. E como fomos treinados para focar nas „falhas“ das pessoas e nas nossas, fazemos isso inconscientemente. Ao dizermos „eu sou mesmo uma folgada, preguiçosa, acomodada“ ou „fulano de tal é mesmo um burro, um atrasado“, estamos sendo violentos, já que não estamos focando no indivíduo como um todo, com todo seu potencial. E muito menos nos seus sentimentos e necessidades mais genuínas.
À medida que classificamos o comportamento das pessoas, colocamos um rótulo nelas, estabelecemos um pré-conceito, de acordo com nossos princípios e nossa visão do mundo. E com isso enquadramos seus comportamentos nas categorias „certo“ ou „errado“.
A nossa forma de comunicar pode muitas vezes machucar as pessoas e levá-las a se sentir inferiores, excluídas e rejeitadas, podendo as palavras ferir mais do que uma agressão física.
A cnv visa a reconexão com a nossa verdadeira natureza humana, ou seja, a natureza compassiva. Ao acessar a empatia e a compaixão, que nos faz humanos, somos capazes de nos colocar no lugar do outro e enxergar a sua dor. E com isso nos conectar com ele a partir de um lugar mais humano, muito além de „certo“ e „errado“. A partir desse lugar é possível uma comunicação mais autêntica, verdadeira e saudável.