Nossos bloqueios, assim como tudo aquilo que se apresenta em nós, é a expressão da energia vital que nos percorre, que nos move e que nos pede para ser vista e aceita.
Esse é um dos principais ensinamentos que Robert Gonzales traz em seu livro, Ein Leben in Mitgefühl – Uma Vida em Compaixão. Nesse livro, ele apresenta o resultado de vários anos de prática e estudos da Comunicação Não Violenta (CNV) em correlação com a espiritualidade.
Gonzales explica que existem dois processos fundamentais e abrangentes na vida: um é a força vital; o outro é aquilo que bloqueia a força vital.
Temos a tendência de olhar para as nossas travas e para aquelas que enxergamos nas outras pessoas como coisas ruins. Queremos eliminá-las a todo custo. No entanto, seus ensinamentos demonstraram que o melhor caminho é olhar para aquilo que nos incomoda com curiosidade, receptividade e amorosidade. Bem como acolher o que está vivo em nós com compaixão. Só o fato de abrirmos espaço para enxergarmos dessa forma, sem expectativas ou intenção de transformar algo, os sentimentos desagradáveis se dispersam, nos permitindo reconectar com a energia vital.
Ouça os seus ruídos internos
Não é inspirador? Foi exatamente assim que me senti – inspirada – ao escutá-lo em um seminário em Frankfurt, Alemanha, alguns anos atrás. Suas palavras pareciam conter tanta verdade e chegavam até a mim de uma maneira tão clara, que, aos poucos, fui me sentindo mais leve e adquirindo uma nova compreensão do meu próprio mundo interior.
Foi nesse dia que eu, de fato, compreendi que meus bloqueios não são inimigos que querem me prejudicar, mas sim partes de mim que pedem atenção.
Até então, estava acostumada a ser dura comigo mesma. Eu vivia brigando com os meus “inimigos internos”, travávamos batalhas diárias, eu queria que eles se calassem e me deixassem em paz. Pois, nem no âmbito pessoal como profissional, eu conseguia seguir meu caminho com leveza, principalmente, quando decidi enfrentar meus medos e me abrir para o mundo profissional atuando como coach em CNV.
Nesse período tudo ficou mais intenso, minhas lutas internas ganharam uma força avassaladora. As minhas vozes falavam tão alto em meus ouvidos, que me paralisavam e impediam que eu me focasse nas minhas tarefas. De repente, eu não conseguia mais fazer coisas simples, como: criar posts para o Instagram ou concluir um texto para o meu blog. Tudo me era difícil e custoso, eu levava horas para conseguir criar uma arte e escrever um texto simples e curto, simplesmente, porque algo dentro de mim me dizia que nada era bom o suficiente.
Sim, meus bloqueios estavam atrapalhando a minha vida. Eles me impediam de acessar a criatividade, de agir com segurança, de ser produtiva e tornava tudo muito desgastante. E isso tudo sugava a energia que eu precisava para levar o meu negócio adiante.
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Cuide do que realmente importa
Foi através dos ensinamentos do Robert que, pela primeira vez, olhei para o que estava acontecendo por outra perspectiva. De repente passei a ver minhas travas não mais como inimigas, mas como uma bússola a me nortear e me mostrar o que se passava em meu interior. Mais ainda, entendi que as minhas dificuldades eram uma expressão viva dos meus anseios e desejos mais genuínos. Sem dúvida, as minhas emoções e sentimentos não estavam me sabotando, elas só estavam tentando me dar pistas de como me conectar com minha energia vital. Para que eu pudesse, assim, entrar em ressonância com o fluxo da vida e realizar, com leveza, os meus propósitos.
Foi refletindo sobre essa minha compreensão e no que a mensagem do Robert Gonzales poderia trazer às mulheres do grupo BREMPEX – Brasileiras Empreendedoras no Exterior – Alemanha, que resolvi abordar esse tema em uma palestra no 1° Fórum Internacional de Empreendedorismo. Meu objetivo foi de inspirá-las, da mesma forma como ele me inspirou, a olhar para os seus próprios bloqueios com mais amorosidade, compaixão e leveza.
Visto que sei bem dos inúmeros desafios com os quais nós empreendedoras nos confrontamos, ainda mais empreendendo no exterior. Como se já não bastassem as diferenças culturais, as barreiras da língua estrangeira, as leis vigentes no país e os muitos trâmites burocráticos, nos deparamos também com os nossos próprios obstáculos internos, como o medo de fracassar, o perfeccionismo, a insegurança, a autocrítica, e outras coisas mais.
Por sorte existe esse outro caminho para fazermos as pazes com tudo aquilo que atrapalha o nosso desempenho. E, como vimos, não é através da rejeição e do desejo de eliminar essas partes que nos impedem de atingir nossas metas e objetivos, mas sim, através de uma aceitação incondicional e compassiva que nos acompanhará ao longo de toda a nossa jornada empreendedora.
Robert conclui, e eu assino embaixo, que se acolhermos tudo aquilo que carregamos em diferentes graus (independentemente de como o chamamos: bloqueios, travas, sombras, sabotadores, inimigos internos, feridas) com a energia calorosa e amorosa da compaixão, tudo isso pode ser transformado em algo belo: naquele brilho que corresponde à nossa verdadeira natureza e é inerente a todas as experiências.
Isso não é libertador? E você, o que acha dessa teoria? Conte-me nos comentários, vou adorar conversar com você sobre isso.
